Ibiporã está entre os 73 municípios
paranaenses em que não foi detectado nenhum agrotóxico na água que abastece a
cidade entre 2014 e 2017. Os dados do Ministério
da Saúde foram obtidos e tratados em investigação conjunta da Repórter Brasil,
Agência Pública e a organização suíça Public Eye. As informações são parte do
Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
(Sisagua), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de
abastecimento. A reportagem pode ser acessada em: https://portrasdoalimento.info/
Segundo a reportagem, um coquetel que mistura
diferentes agrotóxicos foi encontrado na água de 1 em cada 4 cidades
do Brasil entre 2014 e 2017. Nesse período, as empresas de abastecimento de
1.396 municípios detectaram todos os 27 pesticidas que são obrigados
por lei a testar. Desses, 16 são classificados pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) como extremamente ou altamente tóxicos e 11 estão
associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação
fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Do total de 27 pesticidas na água dos brasileiros,
21 estão proibidos na União Europeia devido aos riscos que oferecem à saúde e
ao meio ambiente.
Entre os locais com contaminação múltipla estão as capitais
São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo
Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas.
A população do Estado de São Paulo foi
a que mais consumiu o coquetel nos últimos anos. Foram encontrados 27
tipos de agrotóxicos na água analisada em 500 cidades, incluindo a grande São
Paulo. O estado do Paraná está classificado em segundo lugar, com o coquetel de
agrotóxicos presentes em 326 cidades, seguido por Santa Catarina e Tocantins.
Os números revelam
que a contaminação da água está aumentando a passos largos e constantes. Em
2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos. Subiu para 84% em 2015 e foi
para 88% em 2016, chegando a 92% em 2017. Nesse ritmo, em alguns anos,
pode ficar difícil encontrar água sem agrotóxico nas torneiras do país.
A falta
de monitoramento também é um problema grave. Dos 5.570 municípios brasileiros,
2.931 não realizaram testes na sua água entre 2014 e 2017. Ou seja, o cenário
pode ser ainda mais crítico.
A reportagem disponibiliza dois mapas
interativos em que é possível saber a quantidade de
substâncias detectadas em cada cidade de 2014 a 2017 e a concentração dessas
substâncias, que é medida em microgramas por litro.
No caso especifico de
Ibiporã, não foi encontrado nenhum tipo de agrotóxico na água consumida, como
pode ser conferido no link: https://portrasdoalimento.info/. Segundo
o diretor presidente do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae),
Edivaldo de Paula, “isso mostra que ainda não existe contaminação nas fontes de
abastecimento no município. A autarquia segue rigorosamente todos os parâmetros
estabelecidos pela portaria de consolidação nº5, anexo XX, de 28 de setembro de
2017, do Ministério da Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e
de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade.
O laboratório da
Estação de Tratamento de Água e Esgoto do Samae verifica através de análises
diárias a qualidade da água oferecida à população desde a captação até as redes
de distribuição aos consumidores. Toda
a água distribuída pela Autarquia é tratada, clorada e fluoretada e atende aos
padrões de qualidade bacteriológica e físico-química de potabilidade.
Atualmente o serviço de abastecimento de água conta com duas unidades de
captação e recalque, uma no Ribeirão Jacutinga e outra no Poço do Aquífero
Guarani, que oferece água de excelente qualidade, com propriedades minerais,
atendendo 100% da população urbana e da zona rural. Outro fator de destaque é a
rede de esgotos sanitários que atende 98,5% do município - índice de destaque
entre os municípios brasileiros. Todo o esgoto é tratado antes de ser lançado
no corpo receptor.
O diretor presidente do Samae
lembra que mesmo tendo
índice zero para agrotóxicos na água consumida pelo ibiporaense, o Município tem
se preocupado com o uso indiscriminado de veneno nas lavouras. Desde 2017 a
Prefeitura Municipal de Ibiporã, por meio da Secretaria Municipal de
Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Vigilância Sanitária e Samae
integram o Comitê da Rede Municipal de
Articulação sobre Agrotóxicos, formado por representantes de entidades ligadas
ao setor rural e urbano de Ibiporã e Jataizinho. Coordenado pela
promotora de justiça da 2ª Promotoria de Ibiporã, com atribuições na área
ambiental, Révia de Paula Luna, o objetivo do grupo de trabalho é o estudo e
promoção de ações no âmbito do combate ao uso irregular de defensivos agrícolas
em ambos os municípios.