Cultura e Turismo

 

Publicado em: 18/09/2009 08:00

Escritor ibiporaense é destaque na Folha de Londrina


Whatsapp

 

\"\"

\"\"

Reportagem publicada na edição de 17/09/2009
Contando versos e quilômetros


Escute, caro leitor/ que o exemplo é maneiro:/ conheci um trovador/ atleta e garapeiro. Pois é, conversa aconteceu no Refúgio do Trovador, denominação carinhosa de sua chácara em Ibiporã. Foi lá que Maurício Fernandes Leonardo, 67 anos, recebeu a reportagem da FOLHA com amendoim torrado na hora, coca-cola e muita simpatia.

Maurício contou que descobriu a trova em 1986. Imediatamente se encantou com esses poemas de quatro versos em redondilha maior (sete sílabas poéticas) e rimado. Levando a sério o desafio de encaixar uma mensagem criativa dentro desse formato, ele acumulou nessas duas décadas dezenas de certificados, troféus e medalhas de concursos de que participou Brasil afora. \'\'Fui o Rei da Trova em Domingos Martins em 1995\'\', destacou.

No meio das medalhas, porém, algumas foram conquistadas não como trovador, mas como atleta, na Prova Pedestre Adriana de Souza, em Ibiporã. \'\'Dentre os idosos, quase todo ano fico em primeiro lugar. A prova já foi de três quilômetros, mas no último ano eles judiaram, foram 10 quilômetros\'\', comentou, exibindo a medalha de ouro da prova.

A trova e as corridas soam um tanto quanto inusitadas na vida de quem começou contador, morou no sítio em Uraí para cuidar dos pais, teve um comércio e pouco antes de se aposentar trabalhou como garapeiro. \'\'Eu fazia as garapas e cantava as trovas, as pessoas gostavam. Era uma forma de divulgação\'\', revela.

Enquanto abria caixas e identificava seus poemas em várias coletâneas desses concursos, Maurício ia explicando que existem vários tipos de trova, como a lírica, a filosófica e a humorística. \'\'Meu forte é a humorística\'\', garantiu. E o que faz uma boa trova? \'\'Tem que ter conteúdo, métrica, rima e simplicidade\'\', resumiu.

O curioso é que todas as coletâneas mostradas continham anotações em várias páginas. Isso porque ele não apenas lê as outras trovas selecionadas, mas confere a métrica, identifica falhas (como cacofonias, por exemplo) e assinala as que considera melhores. \'\'A gente aprende também se metendo nos trabalhos dos outros\'\', justificou, lembrando que para se tornar um bom trovador é preciso ler e praticar muito.

Maurício é membro efetivo da Academia Brasileira de Trovas e delegado da União Brasileira de Trovas em Ibiporã, onde chegou inclusive a realizar concursos de âmbito nacional. Também é membro ou correspondente de academias como a de Ciências, Letras e Artes de Londrina, Raul Leone em Petrópolis, Centro de Letras do Paraná e Academia Castro Alves de Literatura de Cordel da Bahia. Sim, porque além de trovador, ele é cordelista, sonetista e haicaísta. \'\'Sou poeta e trovador. Digo isso porque todo trovador é poeta, mas nem todo poeta é trovador\'\', esclareceu.

Toda essa paixão pela poesia o motivou a fundar a Casa do Poeta Edmundo Diniz em Ibiporã. \'\'Agora, estou trabalhando na criação da Academia de Ciências, Letras e Artes na cidade\'\', adiantou, revelando ainda que durante três anos e meio editou o jornal mensal de trovas \'\'Novos Tempos\'\', que circulava em todo o Brasil. O trovador também lançou os livretos Ibitrovas e Quem trova comprova, este último inspirado em frases de para-choques de caminhão, e agora está preparando um livro com nada menos que 500 trovas. \'\'Também ministro oficinas de trovas. É importante trabalhar o tema com as escolas para não deixar a trova morrer\'\', acrescentou. E esse negócio de trova/ pode acabar em vício. Duvida? quer uma prova? pergunta pro Maurício.

Adriana Ito - Reportagem Local