Meio Ambiente

 

Publicado em: 30/04/2018 12:13 | Fonte/Agência: Caroline Vicentini/NCS/PMI

Universidades participam de comitê sobre uso de agrotóxicos


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Docentes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) participaram nesta quarta-feira (25) da reunião do grupo de trabalho em rede para estudo e promoção de ações no âmbito do combate ao uso irregular de agrotóxicos de Ibiporã e Jataizinho. Eles apresentaram ao comitê institucional trabalhos acadêmicos referentes ao uso de inseticidas e os impactos em animais e seres humanos.

 

A reunião foi coordenada pela promotora de justiça da 2ª Promotoria de Ibiporã, com atribuições na área ambiental, Révia de Paula Luna, e contou com a participação de representantes da Prefeitura Municipal de Ibiporã, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, Vigilância Sanitária de Ibiporã e Jataizinho, Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea).

 

A professora do Departamento de Química da UEL, Suzana Lucy Nixdorf, apresentou os estudos que vem realizando juntamente com acadêmicos do Doutorado sobre a contaminação da água por agrotóxicos na região de Arapongas. Em seguida, a professora do Departamento de Ciências Fisiológicas da UEL, Cláudia Martinez, tratou dos efeitos nocivos dos agrotóxicos na fauna aquática. A reunião foi encerrada com a participação dos professores do Departamento de Agronomia da UEL, Maurício Ursi Ventura e Ayres de Oliveira Menezes Júnior, que falaram sobre as possibilidades de trabalho com o comitê. Eles estudam manejo integrado de pragas e agroecologia.

 

Segundo a promotora, o comitê paralelo formado por docentes das universidades é importante para respaldar cientificamente o trabalho do grupo, até mesmo em prováveis questionamentos jurídicos. “Por meio desta parceria com as universidades o comitê também pretende buscar financiamento junto à Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná”, acrescentou Révia.

 

O comitê institucional promoveu, ao longo de 2017, o levantamento de informações para formar diagnóstico do uso de agrotóxicos e definir um plano de trabalho visando à redução do uso de veneno nas unidades produtivas de Ibiporã e Jataizinho.

 

Um dos eixos de trabalho do grupo é a conscientização e educação ambiental. Reuniões com agricultores, representantes de assistência técnica e revendas foram realizadas ao longo do ano passado. Nos dois municípios, foram entregues aos participantes recomendações administrativas elaboradas pelo Ministério Público, com a contribuição de todos os integrantes da rede, enunciando o dever dos usuários, comerciantes e profissionais em adotar boas práticas em suas unidades produtivas e reforçando a proibição de aplicação de veneno na zona urbana e em suas imediações.

 

O projeto, que faz parte do Plano Setorial de Ação das Promotorias de Justiça vem sendo desenvolvido desde dezembro de 2015, quando foi realizado em Ibiporã o Encontro do Fórum Estadual - Agrotóxicos, no qual foram abordados os riscos ambientais e sanitários do uso excessivo de veneno e elaborada carta de intenções de trabalho, cujas manifestações foram debatidas pelas instituições nas reuniões.

 

 

Mercado de agrotóxicos

 

 

O impacto causado pelo uso dos agrotóxicos inclui a contaminação dos alimentos, danos à saúde pública e ao meio ambiente, tanto no solo como na água que é consumida.

 

Segundo dados divulgados pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), entre os anos de 2000 e 2010 a taxa de crescimento do mercado brasileiro de agrotóxicos foi de 190% contra 93% do mercado mundial, de modo que o Brasil hoje ocupa o lugar de maior consumidor de agrotóxicos do planeta.

 

De acordo com o instituto, as lavouras paranaenses também estão recebendo um maior volume de veneno, uma vez que, entre 2008 e 2011, enquanto a área plantada permaneceu estável a quantidade de agrotóxicos pulverizadas nas unidades produtivas do Estado aumentou em 20,3% e o consumo total chegou a 96,1 milhões de quilos. Em Ibiporã, de acordo com dados do Sistema de Monitoramento do Comércio e Uso de Agrotóxicos do Estado do Paraná (Siagro), fornecidos pela Adapar, foram utilizadas, no município, 300 toneladas de agrotóxicos no ano de 2015 e 273 ton em 2016; sendo que os herbicidas constituem 55 a 60% deste volume. O município é o maior centro armazenador de agrotóxicos do Paraná.

 

Conforme dados do Dossiê Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), 70% dos alimentos in natura consumidos no país estariam contaminados por agrotóxicos; destes, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 28% estariam contaminados por produtos não autorizados.



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