Mas, em meio à pandemia de Covid-19, a preocupação das mães com a amamentação aumenta, e dúvidas surgem: o aleitamento materno deve ser mantido mesmo assim? Mães com suspeita ou confirmação da doença podem amamentar? Segundo a pediatra da Unidade Básica de Saúde (UBS) San Rafel, em Ibiporã, Roberta Simões Vaz, a manutenção do aleitamento materno é recomendada e deve ser orientada, independentemente de a mãe ser assintomática, suspeita ou confirmada com a doença. “Os benefícios do aleitamento materno superam em muito os riscos da Covid-19 na população pediátrica. Até o momento, não existem evidências científicas que comprovem a presença do SARS-CoV-2 (vírus causador da doença Covid-19) no leite materno de mulheres que contraíram a infecção”, explica a médica.
Contudo, orienta a pediatra, é
importante que as mães tomem algumas precauções recomendadas pelo Ministério
Saúde:
1. Lavar as
mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes e depois de tocar o
bebê;
2. Usar
máscara facial de pano (cobrindo completamente nariz e boca) durante as mamadas
e evitar falar ou tossir durante a amamentação;
3. A máscara
deve ser imediatamente trocada em caso de tosse ou espirro ou a cada nova
mamada;
4. Evitar que
o bebê toque o rosto da mãe, especialmente boca, nariz, olhos e cabelos;
5. Após a mamada, em caso de mães suspeitas ou
confirmadas de Covid-19, os cuidados com o bebê (banhos, sono) devem ser
realizados por outra pessoa na casa que não tenha sintomas ou que não seja
também confirmado com a doença. Em caso de troca de fraldas, o uso de luvas
cirúrgicas ou de procedimento descartáveis é recomendado.
Conforme Roberta, caso a mãe esteja com
suspeita ou confirmação da Covid-19 e não se sinta segura ou confortável para
amamentar, ela poderá extrair o leite e armazená-lo para que outro familiar
ofereça a criança (com colher, copinho ou xícara para evitar a confusão de
bicos). “Nestes casos, é indicado que a família procure um profissional da
saúde para ser orientada sobre os cuidados de extração, armazenamento,
higienização do material e como ofertar este leite materno”, acrescenta a pediatra.
Mesmo se a criança estiver doente, mas
não apresentar nenhuma condição clínica que a impeça de se alimentar, o ideal é
manter o aleitamento já que o leite materno é uma fonte importante de
nutrientes para a recuperação do bebê.
Apoiar a amamentação para um planeta
mais saudável
Sob
o lema Apoiar a amamentação para um
planeta mais saudável, o tema central do Agosto Dourado este ano se concentra no impacto da alimentação
infantil no meio ambiente, na mudança climática e na necessidade de proteger,
promover e apoiar o aleitamento materno para a saúde do planeta e de seu povo.
O foco é no planeta, porque o leite materno é um alimento renovável, natural,
que não traz custo ambiental. O leite humano é ambientalmente seguro e não gera
impactos ambientais como os substitutos do leite materno, que são as fórmulas
infantis, em decorrência do processo de industrialização.
O leite materno é um alimento
completo. Ele contém água, gorduras, proteínas, vitaminas e açúcares de que o
bebê precisa para se desenvolver bem e crescer de forma saudável, além de
anticorpos que protegem principalmente de infecções gastrointestinais e
desnutrição. Estudos científicos já comprovaram que o recém-nascido que recebe
o leite materno em até uma hora após o nascimento está mais protegido contra
infecções e, por isso, tem menos chances de mortalidade neonatal, uma vez que o
colostro (primeiro leite que o bebê mama) é considerado a primeira vacina do
bebê. O ato de mamar ainda ajuda no desenvolvimento da arcada dentária, da fala
e da respiração da criança.
Para as mães, a amamentação contribui
para aumentar o vínculo com a criança, diminuir a incidência de depressão
pós-parto, ajuda a perder peso e ainda protege contra o câncer de mama e de
ovário. Além dos benefícios para a saúde física, o ato de amamentar também é
muito importante para a saúde mental e emocional da mulher e seu bebê. “O
vínculo de carinho e intimidade criado entre mãe e filho durante o aleitamento
são importantíssimos para o desenvolvimento dessas pessoas enquanto família.
Crianças que recebem amor tendem a ser adultos que também transmitem esse amor”,
ressalta a pediatra.