Desde
2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com
o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro
Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao
Suicídio. Este ano, contudo, a campanha traz um componente a mais como
fator de risco para as questões ligadas à saúde mental, que é a pandemia da
Covid-19.
Além
das situações relacionadas à doença, como o grande número de infectados, de
internados e de óbitos, a pandemia impõe o isolamento e distanciamento social
como medidas para evitar a proliferação do novo coronavírus, cobrando um custo
emocional alto. Especialistas já constataram neste período um aumento
expressivo de transtornos de humor, principalmente ansiedade e depressão, além
do agravamento de quadros já existentes. O aumento de taxas de suicídio também
é uma hipótese que deixa os profissionais em alerta. “Dados apontam que 90% dos
suicídios poderiam ser evitados, ou seja, a prevenção pode impedir que outras
tentativas sejam realizadas. E o primeiro passo para a prevenção é a busca de
informações. Apesar de o suicídio ser um fenômeno complexo, com múltiplas
causas e fatores, tais como: biológicos, psicológicos, sociais, ambientais e
culturais, podemos identificar alguns sinais em alguém que está precisando de
ajuda: tristeza, isolamento, desânimo, falas como “não aguento mais” ou
“preferia estar morto”, perda do prazer em atividades que realizava, tentativas
prévias de suicídio”, orienta a coordenadora de Saúde Mental da Secretaria de
Saúde, Anna Lucia de Azevedo.
De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), cerca de um milhão de pessoas se suicidam por ano em
todo mundo. A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo. No que se
refere às tentativas de suicídio, o número é ainda mais assustador: uma pessoa
atenta contra a própria vida a cada três segundos. No Brasil, são registrados
cerca de 12 mil suicídios anualmente.
A grande maioria dos
casos de óbito por suicídio está relacionada a transtornos mentais, em sua
maioria não diagnosticados, tratados de forma inadequada ou não tratados de
maneira alguma. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno
bipolar e do abuso de substâncias.
“É
Preciso Agir”
O mote da campanha “Setembro
Amarelo” deste ano é "É Preciso Agir", cujo foco é buscar maneiras de
agir efetivamente na prevenção, encaminhando as pessoas ao tratamento correto,
evitando que ocorram novas tentativas, protegendo a vida do paciente e de quem
convive com ele.
Pessoas que
precisam de ajuda sobre questões ligadas à saúde mental ou que conhecem pessoas
que precisam deste tipo de apoio e tratamento devem procurar ou indicar a
Unidade Básica de Saúde mais próxima, ou um Caps (Centro de Atenção Psicossocial).
Em caso de emergência, o contato é o SAMU ou a UPA (Unidade de Pronto
Atendimento).
Ibiporã conta com um Caps
Adulto e um Infantil (Capsi). O Caps é um serviço de atendimento de saúde mental
criado para ser substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos. É um
lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos
mentais graves, cuja severidade e persistência justifiquem sua permanência num
dispositivo de cuidado intensivo, comunitário e personalizado.
O objetivo dos Caps é oferecer
atendimento à população, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção
social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos
civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
Além disso, toda a Rede de Atenção
Primária do município está preparada para fazer um acolhimento humanizado e uma
escuta qualificada de pacientes em sofrimento psíquico. Em parceria com a
Secretaria Municipal de Educação, são realizadas frequentemente palestras com
alunos e professores, por meio do programa “Saúde na Escola”, e também
palestras e capacitações em empresas e entidades.
Programação
do “Setembro Amarelo” em Ibiporã
Ao longo do mês, os CAPS de
Ibiporã estão trabalhando a temática com os pacientes principalmente nas
atividades dos grupos terapêuticos. Segundo a coordenadora do Capsi, Roseli Ciaca,
eles são incentivados a compartilhar seus sentimentos, dificuldades e aprender
a ouvir as dores do outro. “Com a pandemia, constatamos um aumento expressivo
de pessoas com sintomas ansiosos e depressivos. O isolamento fez com que as
crianças e adolescentes se afastassem de sua rede socioafetiva: amigos, colegas
de escola, familiares, podendo ser um fator de risco para a saúde mental. Durante
as oficinas, os pacientes são incentivados a socializar suas dificuldades,
reconhecer as suas emoções e saber lidar com elas”, explica Roseli.
Já os profissionais que atuam nos serviços de saúde pública estão sendo capacitados, conscientizados e sensibilizados para que reconheçam os fatores de risco para o suicídio, proporcionando à população o acolhimento, escuta empática e o cuidado necessário. No dia 16 de setembro, os servidores participarão de um evento online promovido pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenação de Saúde Mental, com a psicóloga da Divisão de Atenção à Saúde Mental da Secretaria da Saúde do Paraná (SESA), Flávia Figel, sobre “O papel da Rede na prevenção do suicídio”.
Onde procurar
ajuda:
APS e
Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).
UPA 24H, SAMU
192, Pronto Socorro; Hospitais
CAPS Adulto: Rua Francisco Cândido
Pereira, 45 – Fone: 3178-0367
CAPS
Infantil: Rua
São Vicente de Paula, 215 , Centro - Fone: 3178-0341
Centro de
Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita). O CVV realiza
apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente
todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por
telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias.
A ligação para o CVV em
parceria com o SUS, por meio do número 188, é gratuita a
partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
Também é possível acessar www.cvv.org.br para
chat, Skype, e-mail e mais informações sobre ligação gratuita.