Agricultura

 

Publicado em: 29/08/2013 16:48

Cafezais ilustram cartões postais de Ibiporã


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Cafezais ilustram cartões postais de Ibiporã Cafezais ilustram cartões postais de Ibiporã

Os agricultores João Corrêa e Bráulio Grisoto, filhos de pioneiros cafeicultores de Ibiporã, estiveram presentes na Prefeitura Municipal nesta terça-feira (27) para receber das mãos do prefeito José Maria Ferreira e da secretária de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações, Lygia Pupatto, cartões postais municipais que mostram a beleza dos cafezais da cidade. Todos os empresários, políticos e autoridades, quando visitam o prefeito, levam consigo os cartões, que circulam por todo o país. Lygia esteve na cidade para acompanhar o andamento do programa Cidades Digitais, do Ministério das Comunicações.

 

Ibiporã, a "terra bonita", acolheu diversos colonizadores que a ajudaram a se transformar na cidade que é hoje. Muitos filhos e netos de pioneiros ainda residem na cidade. “Ibiporã é tudo pra mim. Quando cheguei aqui não tinha nem uma cama para dormir. Foi nesta cidade, que eu tanto amo, que obtive condições de mudar de vida”, conta Corrêa.

 

As mãos calejadas ajudam a contar a história do agricultor que reside em Ibiporã há 57 anos. Nascido em Jaú (SP), ele chegou ao município aos 14 anos. “Desde os 09 anos trabalho na roça”, afirma ele. A história do trabalho rural é uma tradição que começou com os avôs de seo João, passou para os pais, e, atualmente, os filhos do agricultor também são homens do campo. “Quando chegamos aqui trabalhamos como volante, é como se fosse o bóia fria de hoje, porém a gente morava na propriedade do patrão. Também fizemos o serviço de colono, arrendávamos umas terras do patrão e ele pagava para a  gente cuidar o ano todo daquele pedaço de terra”, explica seo João.

 

 A geada negra de 1975 foi um desastre para grande parte dos produtores rurais, vítimas das condições climáticas. Entretanto, seo João foi um “abençoado” pela geada. “Naquele ano eu consegui uma vitória. Eu segurei o meu café, como a demanda estava maior que a oferta o preço da saca subiu 300% e foi isso que me ajudou a comprar o sítio que eu moro hoje”, esclarece o agricultor.

 

A plantação de café de seo João Corrêa acabou virando cartão postal da cidade. Além do fruto, atualmente o agricultor trabalha com outros tipos de grãos. “O café já foi de grande valia, mas hoje não está compensando. Eu amo o café e ainda vou continuar cultivando, mas em quantidade menor”, revela o cafeicultor.

 

Também filho de pioneiro, Bráulio Grisoto é outro produtor rural, migrante em Ibiporã. Ele chegou à cidade com a família quando ainda tinha dois anos. Aos sete já trabalhava no cafezal, limpando os troncos e apanhando o fruto. Os pais, porém, exigiam que fosse primeiro para a escola. A jornada dupla permitiu que Bráulio trabalhasse na lavoura e ainda tornar-se técnico em contabilidade, na década de 60. “Estudar me ajudou muito. Eu queria fazer medicina ou veterinária, mas não tinha condições. Na época era o melhor estudo que eu tinha acesso e me ajudou muito. Eu faço toda a contabilidade da roça”, afirma Grisoto.

 

Hoje, aos 68 anos, seo Bráulio nunca saiu do sítio em que os pais compraram. “Eu lembro que quando chegamos aqui, era mata fechada. Eles mesmos tiveram que abrir a mata virgem do sítio que compraram”, lembra ele.

 

As lembranças são vastas na mente de seo Bráulio. “Outra coisa que eu lembro é que a nossa primeira casa aqui foi de palmito. E a gente comia muito feijão e palmito, não tinha outra coisa na época”, conta ele. “Quando começou a fazer o asfalto na cidade  a praça central era cheia de toco de peroba e o Hospital Cristo Rei bem pequeno e fora da cidade. Olha o tanto que evoluiu”, expõe o produtor.

 

O café já foi considerado o ouro verde, entretanto, na atualidade, já não gera o lucro de décadas passadas. A mão de obra escassa também ajuda na decisão dos agricultores trabalharem com produções de café cada vez menores. “ O preço do café não está compensando.  O serviço é bem pesado, eu tenho problema de coluna e os trabalhadores já não se interessam em trabalhar no cafezal. Hoje eu trabalho com uma hortinha e vendo aqui pra região. Vou sentir muita falta do café. Vou deixar um pedacinho da terra para trabalhar com ele. É lindo demais ver a florada. Eu gosto muito”, explica seo Bráulio que também teve a sua lavoura eternizada nos cartões postais de Ibiporã.

 

Pequeno produtor

 

De acordo com João Corrêa, o café ainda é a melhor saída para o pequeno produtor. “O cafezal permite que seja plantando entre os pés outras coisas, como por exemplo mandioca, feijão, laranjas. Diferente de uma plantação de soja”, explica ele.

 

Essa versatilidade do café ajuda o produtor a se manter, diminuindo outros gastos. “Se ele tiver  como produzir o adubo em casa e fazer o trabalho da colheita só vai ter gasto com os defensivos agrícolas e assim terá a oportunidade de crescer”, esclarece o produtor. “O cara tem que acreditar. Se ele se preocupar com geada, com o preço da saca, não vai plantar nada. Por isso eu digo: acredita que uma hora melhora. Ser agricultor é correr risco”, finaliza ele

 

 


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