Uma simulação em tempo real de acidente com carga perigosa movimentou a curva da Jaqueira (BR 369, saída para Jataizinho) na manhã desta sexta-feira (13). A ação integrada envolveu cerca de 30 pessoas de diversos órgãos públicos e empresas (Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Defesa Civil, Econorte, Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), Sanepar, Secretaria Estadual de Saúde, Secretaria Estadual de Agricultura e Meio Ambiente, Defesa Civil Vigilância Sanitária, Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Polícia Ambiental, Ibama, Sest Senat) especializados no atendimento a emergências e marcou o encerramento de uma capacitação para instituições que integram a Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências com Produtos Perigosos. O Núcleo de Defesa Social (Nudes), através da Defesa Civil de Ibiporã, e as secretarias de Obras e Agricultura e Meio Ambiente de Ibiporã também participaram da atividade.
No exercício, a colisão entre um automóvel e o caminhão de uma desentupidora carregado com produto corrosivo (ácido sulfúrico) resulta em quatro vítimas. Houve vazamento do produto químico na pista. A partir deste cenário, as diversas instituições procederam ao atendimento, de forma a avaliar o tempo de resposta e ainda a qualidade do socorro.
O treinamento, que durou cerca de duas horas, mobilizou todos os órgãos envolvidos no processo, desde o pedido de socorro; sinalização do local do acidente; identificação da carga; socorro e resgate das vítimas, até a limpeza do local afetado pelo produto químico. A pista foi interditada e o trânsito desviado para uma via marginal. Policiais rodoviários auxiliaram na organização do tráfego. Ambulâncias do Samu, Econorte, e viaturas do Corpo de Bombeiros e PRF foram acionadas. Até um helicóptero do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar do Paraná foi utilizado no transporte de uma das vítimas. O uso de helicóptero é justificado quando as condições de fluxo e tráfego impossibilitam a agilidade para atender a ocorrência.
Barreiras de contenção foram utilizadas para evitar que o ácido se propagasse. Socorristas utilizaram roupas especiais e máscaras de respiração autônoma para evitar contato com o produto. As vítimas passaram por um corredor de descontaminação e tomaram literalmente um banho para evitar que o produto fosse levado para outros locais. Fiscais do Ibama monitoravam o local para mitigar o impacto no solo e recursos hídricos. "Devido ao risco que os produtos perigosos representam para a saúde das pessoas, segurança pública e meio ambiente, a preparação e resposta a este tipo de emergência exigem uma série de procedimentos específicos e a integração de vários órgãos. A simulação é importante para avaliarmos as falhas e acertos e, assim, melhorarmos o desempenho em uma situação real", explica o comandante do Corpo de Bombeiros de Ibiporã, tenente Rene Augusto Bortolassi.
O Decreto Estadual 7117 criou a Comissão Estadual para implantar o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2) e dar atendimento às emergências químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. As atividades estão sob responsabilidade da Defesa Civil. Nos dias 27 e 28 de setembro será realizado o I Seminário P2R2. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre o assunto, criar estratégias para o desenvolvimento do Plano no Estado e aprimorar o sistema de preparação e resposta a esse tipo de emergência.
Fiscalização
Além das simulações, foram realizadas fiscalizações de veículos que transportam produtos perigosos nas rodovias. Inmetro e Polícia Rodoviária verificaram se o veículo atende aos regulamentos técnicos exigidos para a finalidade. Também é checado se o motorista traz consigo o Certificado de Inspeção de Produtos Perigosos, que quando é relacionado ao veículo tem validade de um ano, e quando relacionado ao equipamento que acondiciona a carga, tem de um a três anos de validade, dependendo do tipo de carga. Em Londrina, Cascavel e Ponta Grossa mais de mil veículos foram autuados.
Entre 2006 e 2010, no Brasil, foram registradas cerca de 550 ocorrências anuais, em rodovias, com produtos químicos perigosos, número seis vezes maior do que em aquavias, indústrias, área urbana e outras localidades. A maior parte desses acidentes foi causada por diesel, seguido da gasolina e do álcool.