Indústria e Comércio

 

Publicado em: 22/10/2013 12:13

Da primeira biblioteca a gente nunca se esquece


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Da primeira biblioteca a gente nunca se esquece Da primeira biblioteca a gente nunca se esquece

 

Em comemoração à Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, de 23 a 29 de outubro, utilizo - me de um texto de Rovilson José da Silva, professor do departamento de Educação da UEL, e faço aqui algumas considerações sobre a importância do livro e da biblioteca.

Tornar-se leitor pressupõe, antes de tudo, estabelecer laços com uma biblioteca. Parece incoerente pensar em leitura, sem cogitar a biblioteca, ou seja, um espaço estruturado que ofereça segurança, conforto e, ao mesmo tempo, dê continuidade à cumplicidade que se estabelece entre o leitor e o escrito.

 

É de se lamentar que uma grande parcela dos municípios do Brasil não possua sequer uma biblioteca pública. Biblioteca não pode ser elevada à categoria "luxo". Toda criança, todo adulto, se quiser, deverá encontrar no município onde mora um espaço como esse.

 

Conheci a Biblioteca Publica Municipal de Ibiporã, na adolescência. Hoje agradeço de forma especial à professora Lídia Consalter, por ter-me proporcionado a alegria de conhecer aquele "paraíso literário".

 

Naquele tempo, a biblioteca pública estava localizada em frente à praça principal, na rua D. Pedro II.  Essa praça sempre foi um dos orgulhos da nossa comunidade. Já existia um parquinho para as crianças: balanços, roda-que-girava, escorregador, era muito bom. E a porta da biblioteca pública estava de frente para tudo isso, era só atravessar a rua.

 

Era uma conjunção perfeita: biblioteca, parque, brinquedos, jardins. Tudo confluía para que a expressão humana fosse a mais completa possível naquele contexto. A atmosfera conspirava, eu nem percebia, para que me tornasse assídua frequentadora da biblioteca, de modo a fortalecer a leitora em potencial que existia em mim e decidir desde muito cedo que seria bibliotecária.

 

Ali descobri tanta coisa sobre o mundo: paisagens, saúde, doenças, poetas da Antiguidade, histórias de heroísmo, de vingança, sofrimentos, encontros e desencontros.

 

Recordo-me ainda da recepção que havia na biblioteca: a gente era bem acolhido e levado a se sentir como parte real daquele lugar, como se os livros nos pertencessem. As atendentes, naquela época, que não eram formadas em Biblioteconomia, tinham humanidade suficiente para perceber a importância daquele espaço em nossa formação, por isso, nos informavam quando chegavam livro novo, revista nova, etc. Incentivavam nossos gostos.

 

Foi na Biblioteca publica que encontrei Jorge Amado, Machado de Assis, Mário Quintana, Mário de Andrade, Olavo Bilac, Casemiro de Abreu, Gonçalves Dias, Castro Alves, Érico Veríssimo, Lygia Fagundes Telles, Clarice Lispector e tantos outros.

 

Como me esquecer da leitura "forçada", se para mim era o deleite? Fogo morto, Inocência, Memórias póstumas de Braz Cubas, Marília de Dirceu, A mão e a luva, O cortiço. Sem falar de Pássaros Feridos, E o vento levou,para citar apenas algumas das obras que me levaram a conhecer a vastidão do mundo.

 

Lendo Jorge, tive informações sobre perseguição política, prisão, comunismo, movimento operário. Também fui "fisgada" pela poesia de Manuel Bandeira que para mim tornou-se Poesia para a vida inteira. Num mergulho nas contradições e sentimentos mais obscuros do ser humano, fui levada a Crime e Castigo de Dostoievski. Visitei ainda a França em Os Miseráveis.

 

Passaram-se os anos e muita coisa mudou. Não foi diferente com aquela biblioteca que me mostrou outros mundos. Já não está localizada no mesmo lugar. Mas negar a biblioteca em sua potencialidade às crianças e à comunidade em geral é, sem dúvida, comprometer o futuro do país. Temos hoje aqui na cidade três bibliotecas públicas, que podem propiciar, ainda que de forma diferente, o mesmo leque de conhecimento e prazer pela leitura, para tanto basta estimular.

 

Refiro-me especialmente aI ndústria do Conhecimento - SESI e convido a cidade inteira para que aproveitem a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca e visitem este espaço que é de todos e dispõe de obras maravilhosas para empréstimos, além do acesso gratuito à internet.

 

Aquela biblioteca, da minha adolescência, contribuiu para que me tornasse melhor como ser humano, para que compreendesse um pouco mais o mundo e, agora adulta, continuo a colaborar da melhor forma que posso, para que outros meninos e meninas possam ver o mundo por mais essa vereda chamada biblioteca. Por isso reafirmo: da primeira biblioteca, a gente nunca se esquece. E não se esquece também de quem nos levou a desbravar este mundo maravilhoso da leitura, sejam os pais, os professores ou os próprios bibliotecários.

 

Indústria do Conhecimento – SESI

Endereço: r Dezenove de dezembro, 950 centro, (ao lado do CSU).

 

Telefone: 3178 - 0238