Ibiporã - Todo o lixo orgânico produzido pela família da dona de casa Geralda Braga da Silva, 55 anos, que vive no Jardim Lourenço Bacarin, em Ibiporã (Norte), transformou-se em adubo, o qual será aplicado em canteiros públicos e floreiras da cidade.

Na manhã de ontem, parte do adubo resultante do processo de compostagem do lixo orgânico municipal foi depositado na praça da Igreja Matriz. O sistema de coleta seletiva atende 96% da área urbana desde outubro do ano passado.

\'\'É fácil separar e além disso, não fica tanto lixo na rua\'\', comentou Geralda, que agora mantém três lixeiras em casa: uma para os rejeitos, uma para os reciclados e uma para os orgânicos. Vizinhos também aderiram à coleta seletiva depois das campanhas informativas e da distribuição dos sacos plásticos pelo município.

No novo sistema, os funcionários da empresa Kurica Ambiental, responsável pela coleta e separação do lixo no município, recolhem os recicláveis às quintas, os rejeitos às terças e sábados, e o orgânico às segundas, quartas e sextas.

Com a separação tripla do lixo, cerca de 80% dos resíduos são reaproveitados: \'\'Recicláveis correspondem a 30% do lixo, rejeito 20% e o restante é orgânico\'\', citou a analista ambiental Laila Menechino.

Segundo ela, o rejeito é o único resíduo que ainda não é reutilizado e é depositado em uma vala do aterro municipal, coberta por uma manta impermeabilizada. Lá também acontece a captação do chorume, o qual é tratado diretamente no sistema de tratamento de esgoto da cidade. \'\'Se antes o aterro recebia 30 mil toneladas de lixo ao dia, hoje recebe só 5 toneladas.\'\'

De acordo com o diretor de limpeza pública de Ibiporã, Miguel Gardini, a coleta seletiva tripla surgiu para resolver o problema da falta de espaço no aterro público.

\'\'Foi contratada uma empresa de consultoria ambiental para criar um plano de gerenciamento de resíduos e apesar do aumento nos custos, houve melhora na qualidade da coleta\'\', declarou Gardini, lembrando que a entrega do lixo misturado no aterro terceirizado havia sido embargada pelo Ministério Público, obrigando a Prefeitura a buscar outra solução para o descarte de resíduos.

Entre as medidas adotadas pelo Município está a distribuição de sacos plásticos de 20 litros na cor cinza para a coleta dos rejeitos e embalagens de 100 litros para os recicláveis. \'\'A coleta e a troca dos sacos nas casas é diária\'\', ressaltou o diretor, calculando um gasto mensal de R$ 14 mil com as sacolas.

\'\'Já atendemos toda a área urbana e estudamos buscar os recicláveis e os rejeitos na zona rural\'\', destacou Gardini, citando que a comercialização dos reciclados fica a cargo da empresa, responsável ainda pela compostagem do lixo orgânico, que demora cerca de três meses. \'\'Parte do adubo é doado para a Prefeitura e será utilizado nos canteiros e floreiras.\'\'

Mariana Guerin
Reportagem Local