Cultura e Turismo

 

Publicado em: 29/04/2011 11:32

Biblioteca que custou R$738.424,04 é reprovada por perícia


Whatsapp

 

Biblioteca que custou R$738.424,04 é reprovada por perícia Biblioteca que custou R$738.424,04 é reprovada por perícia

 

Continua o impasse da Biblioteca Municipal de Ibiporã, interditada pelo Corpo de Bombeiros após apenas nove meses da entrega (outubro de 2009), em decorrência das fortes chuvas e vendavais ocorridos na época. No último dia 13, o presidente da Câmara de Vereadores, Toninho Kabeção, visitou a Biblioteca Municipal acompanhado pela vice-prefeita Sandra Moya e pelo Secretário de Cultura, Júlio Dutra, e constatou as graves irregularidades da obra, como o afundamento da laje no teto e a umidade nas paredes.

De acordo com a primeira perícia encaminhada para a Justiça da Comarca a obra, que custou mais de 700 mil reais aos cofres do município, foi mal executada e está inteira comprometida. O primeiro laudo aponta sérios problemas na cobertura, sistema elétrico comprometido, falta de reboco e risco de desabamento, o que torna o custo da reforma superior a 100 mil reais.

De acordo com o perito e engenheiro civil e de segurança do trabalho, Rogério Trioschi, responsável pelo primeiro laudo, se a reforma fosse iniciada agora, o risco de aparecer novos problemas e o município ter que arcar com o prejuízo é enorme. "Enquanto a Justiça não der o decisão final sobre o responsável pela obra, não há o que fazer. Se a Prefeitura iniciar a reforma e surgirem outros problemas, a responsabilidade é dela. O prédio da biblioteca é uma obra doente", afirmou. 

De acordo com o prefeito José Maria, a Prefeitura Municipal está zelando pelo interesse coletivo. "Os vereadores tem todo direito de fiscalizar o andamento das ações movidas pela prefeitura, mas devem deixar os interesses políticos de lado e compreender que estamos tendo respeito pelos ibiporaenses e tomando as melhores decisões em prol da comunidade. Só buscamos a justiça após aguardar quase 1 ano e meio na busca de solução administrativa, o que demandou várias notificações e reuniões com o empreiteiro. Só adotamos a via judiciária quando a via administrativa provou-se incapaz de solucionar o impasse", afirmou o prefeito, em relação ao questionamento feito pelo vereador Toninho Kabeção sobre o porquê da reforma ainda não ter sido iniciada.

Sobre um segundo questionamento do presidente da câmara, em relação ao recebimento da obra pela atual administração, o secretário de cultura, Júlio Dutra, afirma que a obra já estava acabada e ele apenas tinha o compromisso de recebê-la. "Foi efetuado o último pagamento no valor de R$19.145,19 e só faltava a pintura. A pessoa designada pela fiscalização era o Sr. Gilmar Rodrigues, da administração passada, e não competia a mim fiscalizar o que ele já tinha fiscalizado, uma vez que o mesmo tinha  esse compromisso e era apto a exercê-lo. Eu cheguei a listar vários itens que, na minha opinião, estavam faltando, mas optou-se por não atrasar a obra ", afirmou.

O laudo, que possui cada detalhe especificado dos problemas apresentados, encontra-se disponível na Prefeitura.

Confira algumas partes do laudo técnico

Cobertura:

 

Rachaduras isoladas, inclinadas, passantes e com abertura variável nas platibandas; 

Entre os rufos tipo pingadeira do topo da platibanda e a borda das calhas de platibanda não foram colocados contra-rufos;

Foram colocados contra-rufos no encontro entre as platibandas e as telhas de fibrocimento do oitão, cobrindo-as em ½ onda. Estes contra-rufos foram fixados à platibanda por meio de rebites e selados com elastômeros e, não adentraram a argamassa de revestimento da platibanda;

Algumas telhas foram cortadas para propiciar a montagem da cobertura da edificação e apresentavam-se danificadas e com remendos;

A fixação das telhas de fibrocimento na trama deu-se, em geral, somente na segunda ou na quinta crista da onda e próximo ao recobrimento longitudinal. Portanto, em geral, existiam apenas dois parafusos de fixação por telha;

Empoçamento de água de chuva no fundo da calha de platibanda, o que denota a ausência de inclinação nesta porção;

Mudança de inclinação do fundo da calha em direção contrária ao bocal de captação da água de chuva, o que propicia a entrada de água de chuva para o interior da edificação;

Inexistência de ralos hemisféricos (tipo abacaxi) colocados nos bocais das calhas. Ao longo de todos os trechos das calhas de platibanda não foram colocados extravasores como medida de segurança, para o caso de ocorrência de transbordamento;

Tendência de transbordamento de água do interior da tubulação;

Manchas de umidades e gotejamento na face interior da laje de concreto armado;

Panos de laje de concreto armado apresentavam maior intensidade das manchas de umidade formadas;

Formação de mofo e bolor;

Manchas esbranquiçadas e escorridas na face interna da parede e sobre o vidro da janela;

Passagem de água de chuva nas regiões de fixação da janela da fachada principal;

Falta de material de preenchimento na região do encontro entre as chapas de vidro temperado e as pingadeiras para as janelas existentes na face norte da edificação.

 

Danos em materiais, componentes ou elementos de construção e em partes da edificação:

 

A pintura existente na face inferior da laje de cobertura foi danificada, manifestando-se inicialmente pela mudança de tonalidade da cor de forma generalizada, manchas por eflorescência e a formação de bolhas em determinadas regiões;

Os forros de placas de gesso acartonado em todos os ambientes da edificação em que haviam sido colocados foram danificados, ou por desabamento ou por perda generalizada de planicidade e formação de imperfeições nas juntas;

Consequentemente ocorreu também à perda da pintura realizada na face inferior destes forros.

 

Desabamento

 

As placas de gesso acartonado do afixadas na extremidade inferior das paredes estufaram de modo generalizado, sendo que em alguns casos constatou-se, também, a desagregação do gesso;

Os rodapés de madeira apresentaram-se, geralmente, desalinhados ou desprendidos, sendo que em alguns deles manifestou-se a formação de mofo e bolor;

Nos ambientes em que se formou uma lâmina de água no piso da edificação as lâminas externas da parte inferior das folhas de porta de madeira estufaram e/ou descolaram das lâminas, bem como o inicio do processo de apodrecimento;

Assim como parte dos batentes de madeira existentes apresentaram-se deformados e desalinhados em função do inchamento, prejudicando o fechamento das folhas de portas de madeira;

As guarnições de madeira também foram danificadas, ocorrendo o desalinhamento ou deformações excessivas por inchamento, bem como o inicio do processo de apodrecimento.

 

Iluminação

 

Todas as luminárias existentes no salão n° 1 nas salas n° 04, 07 e 08 e circulação n° 03 foram danificadas pelo contato com a água em partes elétrico - eletrônicas que as umidificou;

Considerou-se, ainda, que o restante das luminárias da edificação também restou umidificada, o que comprometeu significativamente a segurança e a funcionalidade destes equipamentos;

Nos forros de gesso acartonado que desabaram as luminárias foram, ainda, parcialmente destruídas;

As fiações aparentes sobre os forros de gesso foram rompidas e umidificadas;

Os interruptores e as tomadas embutidas nas paredes de gesso também restaram, portanto, umidificados, com peças metálicas apresentando inicio do processo de corrosão;

Constatou-se, consequentemente, sujidades como manchas e escorrimentos em janelas, paredes e pisos em toda a extensão da edificação.